Nenhum de nós escolheu viver. Ninguém se deu a vida a si mesmo. A vida que vivemos é sempre um dom, algo que nos é oferecido para colocarmos a render.

Para além da vida das plantas e dos animais (muito acima destas realidades, também elas preciosas!), existe a vida humana — a vida que tem consciência de ser, a vida cheia da liberdade, a vida que não se limita a sobreviver, a vida que é imagem e semelhança de Deus, mesmo que no meio de tantas dificuldades e erros. É por tudo isso que a vida humana é um bem supremo.

E é por tudo isso também que a vida humana não pode ficar ao dispor nem do Estado, nem sequer do próprio. Sim: a vida recebida é também uma missão, um dever que nos convida a ir mais longe, um dom a cultivar, a desenvolver, a partilhar.

A vida humana é sempre algo que nos deve surpreender e — ao menos! — que nos deve levar a perceber que Deus não é uma simples hipótese, uma ideia ou qualquer coisa de abstracto, mas que Deus é Aquele que dá vida: que nos dá a vida, até ao ponto de dar a Sua vida por nós!

Vale bem a pena, por tudo isso, dar atenção à Semana da Vida que aí se aproxima e participar nos eventos que nos são propostos. A vida humana, desde a sua concepção até à morte natural, é um milagre quotidiano que nos diz em cada instante o amor de Deus. Um milagre a reconhecer e a agradecer em cada dia que passa.

+ Nuno, Bispo do Funchal

In Jornal da Madeira